terça-feira, 28 de janeiro de 2014

OPINIÃO: A JUSTIÇA SENDO FEITA: A PERMISSÃO DO CARNAVAL DAS REPÚBLICAS FEDERAIS EM OURO PRETO (Por Otávio Luiz Machado)

OPINIÃO: A JUSTIÇA SENDO FEITA: A PERMISSÃO DO CARNAVAL DAS REPÚBLICAS FEDERAIS EM OURO PRETO (Por Otávio Luiz Machado)

O dia 28 de janeiro de 2014 deverá entrar para a história das repúblicas estudantis de Ouro Preto, especialmente àquelas que pertencem ao patrimônio da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
A decisão EXTREMAMENTE favorável à realização do carnaval  pelo Juiz Federal JACQUES DE QUEIROZ PEREIRA só é um indicativo de que a justiça está sendo feita, porque o que se via anteriormente foi uma tentativa de uma associação de hotéis de querer acabar com uma festa que beneficia turistas, estudantes, trabalhadores e trabalhadoras de Ouro Preto e o próprio patrimônio histórico de Ouro Preto.
O Juiz Federal analisou um ponto importante: "Os estudantes da UFOP não recebem a moradia gratuitamente". Essa mesma visão eu tenho desde muito tempo, porque o trabalho é árduo para se manter uma casa de uma universidade federal dentro de um local que é patrimônio tombado. A dificuldade de conservação é maior, os custos, idem.
O Documento assinado pelo Juiz Federal não é só de uma riqueza de detalhes, mas também é um Documento de alguém que entende as necessidades humanas. É de uma preciosidade ímpar.

Nesse contexto, fiquei MUITO FELIZ ao ver os estudantes e ex-alunos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) envolvidos na questão de restabelecimento de decisão favorável às repúblicas divulgar uma citação de meu nome republicano (Jaka) na LUTA para restabelecer o carnaval estudantil da cidade de Ouro Preto.

"Gostaria de agradecer os votos de confiança em nosso trabalho e aos exalas que nos apoiaram e incentivaram a travar esta batalha. Em especial ao exala Jaka pelo trabalho que realizou e realiza, foi de fundamental importância para conseguirmos contextualizar a história das Repúblicas". 

As pesquisas e publicações que fiz sobre os estudantes de Ouro Preto são um referencial importante para que se valorizem os estudantes e suas práticas sociais.

Abaixo, a matéria da UFOP que fala do assunto CARNAVAL, que vai continuar acontecendo nos mesmos moldes e com o protagonismo dos estudantes e das repúblicas estudantis:



Abaixo, a decisão judicial favorável às repúblicas de Ouro Preto:







sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Um depoimento que diz o ESSENCIAL: As repúblicas representam uma opção de hospedagem alegre, descontraída e barata no parque hoteleiro de Ouro Preto

Um depoimento que diz o ESSENCIAL: As repúblicas representam uma opção de hospedagem alegre, descontraída e barata no parque hoteleiro de Ouro Preto


Numa exposição que organizamos em 2002 no Museu Casa Guignard de Ouro Preto, quando naquela ocasião buscamos trazer diversas visões sobre as REPÚBLICAS DE OURO PRETO, o nome de Angelo Oswaldo me veio como o de alguém que conhecia Ouro Preto como pouquíssimas pessoas. Ele nos presenteou com um importante texto que levanta aspectos gerais de toda uma história da inserção das escolas superiores e dos seus estudantes na cidade de Ouro Preto. Não se restringiu ao elogio, porque também tratou de pontos que estavam em desfavor das repúblicas naquela ocasião. Mas reconheceu o quanto as repúblicas são fundamentais para o turismo de Ouro Preto, pois representam uma "opção de hospedagem alegre, descontraída e barata no parque hoteleiro de Ouro Preto". Acredito que o texto abaixo possa ajudar num debate salutar sobre o significado das repúblicas para o turismo em Ouro Preto.

Reproclamação das “Repúblicas”
Angelo Oswaldo



Os inconfidentes mineiros, no calor das discussões travadas na conjura de 1788 e 1789, imaginaram a criação de uma universidade em Vila Rica. A capital seria transferida para São João del-Rei, onde a plana e extensa Várzea do Marçal aparecia aos olhos dos conspiradores como sítio ideal para a sede do governo do país independente.
Meio século depois, em 1839, surgiu na Imperial Cidade de Ouro Preto, assim chamada desde 1823, o primeiro núcleo de ensino superior em Minas Gerais, a Escola de Farmácia. Cento e trinta anos mais tarde, em 1969, seria enfim criada a Universidade Federal de Ouro Preto, tendo por base a Escola de Farmácia e a Escola de Minasque Pedro II ali instalou em 1876.
As Escolas de Farmácia e de Minas deram a Ouro Preto, por entre torres vetustas e assombrosas ladeiras, o colorido jovial de uma cidade de estudantes. Evocando Coimbra e Montpellier, em cujas universidades moços mineiros do século XVIII foram buscar as luzes da Inconfidência, a velha Capital de Minas logo identificou-se como centro de estudos superiores. Tanto que a mudança do governo para Belo Horizonte, em 12 de dezembro de 1897, deixou a cidade praticamente entregue à destinação universitária.
Ambas as unidades fundadoras fizeram a glória de Ouro Preto no final do século XIX e início do século XX. A Escola de Minas tornou-se, rapidamente, foco de atenções gerais. Fundada pelo professor Henri Gorceix, da congênere de Paris, mereceu apreço especial do imperador brasileiro e pretendia formar um quadro de valores que respondessem aos anseios de progresso que se ampliavam no País em transformação.
Alunos de toda parte acorriam a Ouro Preto, como aconteceu com o jovem Getúlio Vargas e os dois irmãos que se envolveram em rixa com estudantes paulistas da família Prado, fechando ao futuro presidente as portas da Escola de Minas. Embora Gorceix fosse monarquista e tenha retornado a Paris desgostoso com o novo regime, a Escola de Minas tornou-se o grande celeiro de técnicos que haveriam de concretizar a legenda positivista da bandeira republicana, em busca de “ordem e progresso”.
Para acolher os estudantes, surgiram as “repúblicas”, à maneira das “fraternities” de Oxford e Cambridge. No princípio, eles alugavam casas nas quais se instalavam durante os anos curriculares. Depois, a Escola de Minas passou a adquirir imóveis para alojar seus engenheirandos. De tal sorte prosperou o sistema de aquisições que vender um imóvel para a Escola de Minas passou a ser o melhor negócio, senão o único, em que corria dinheiro na cidade, afeiçoada ao escambo desde a transferência do governo e sua pagadoria para as ruas largas e arborizadas de Belo Horizonte.
Foi assim que as duas Escolas hoje centenárias acumularam notável acervo imobiliário em Ouro Preto, adquirindo casas para as “repúblicas”. Terrenos também eram comprados. Tombada a cidade em 1938, os projetos se submetiam à aprovação do IPHAN, como se vê na Ruas das Mercês, nas residências que oferecem dicção contemporânea a formas da arquitetura tradicional. De tal maneira Ouro Preto era homogênea e autêntica que o IPHAN, durante muitos anos, recomendava a adoção de linguagem contemporânea que evitasse pastiches e cacoetes.
Construções nobres ou singelas compõem esse singular acervo residencial. Destacam-se a casa em que nasceu o Visconde de Ouro Preto, na Rua Direita, o casarão na lateral da Matriz do Pilar, o sobradão da Rua do Carmo, com varanda sobre o vale do Córrego do Tripuí, que se estende ao pé da Casa dos Contos. Entre tantas outras casas nas ruas Conselheiro Quintiliano, Direita, das Flores, Gorceix, Cláudio Manoel, Antônio Dias, Paraná, Pilar e Rua São José.
Espalhou-se pela cidade a rede das “repúblicas”, e foram todas assumindo peculiaridades. Os nomes bizarros constituem a primeira delas. Na “Verdes Mares”, aportavam os cearenses, é óbvio. Galeria de fotos dos ex-republicanos registram as gerações que passam pelas residências, e cada retrato é um apelido e uma história geralmente divertida ou inacreditável.
O crescimento do turismo em Ouro Preto fez com que as “repúblicas” se configurassem como opção de hospedagem, sobretudo para os jovens visitantes. Tudo parece ter começado nos Festivais de Inverno da UFMG, nos anos 60. A coordenação do evento alojava participantes em algumas “repúblicas” especialmente cedidas durante o mês de julho.
Com o aumento dos fluxos, sofisticaram-se os equipamentos das “repúblicas”, muitas já dispondo de boates em seus porões, com sistema especial de som e luz, desde a moda das discotecas, nos anos 70. Recebendo turistas, à maneira dos albergues da juventude, as residências estudantis puderam comprar grandes refrigeradores e outros aparelhos pertinentes. Tornaram-se, de fato, opção de hospedagem alegre, descontraída e barata no parque hoteleiro de Ouro Preto.
Ao mesmo tempo, foi gradativamente alterado, desde os anos 80, o mito das festas de estudantes em Ouro Preto. A legenda dos bailes inesquecíveis das décadas de 30, 40 e 50, na moldura dos anos dourados, praticamente estava desaparecendo quando as festividades tomaram uma direção inesperada e inquietante.
Não havia mais bailes, suprimidos o terno e gravata, os vestidos longos, a viagem de seis horas de trem entre Belo Horizonte e a possibilidade de um noivado ao fim da última dança. A etiqueta polida e discreta virou uma pedra rolando a ladeira na era do rock e do jeans. O brilho se apagava. As formaturas perdiam o “glamour”, tal como os bailes de debutante e os concursos de miss.
Foi então que a comemoração de cada qual das “repúblicas” passou a concentrar o interesse e a atenção do aniversário da Escola de Minas, à revelia do rito solene e do conservadorismo de grupos de ex-alunos da Escola de Minas fanatizados pela celebração tradicional do 12 de Outubro (dia da instalação da Escola em 1876). Não mais o “Baile do 12”, no imenso salão do Centro Acadêmico, mas a “Festa do 12”, reunindo milhares de pessoas na Praça Tiradentes e ruas centrais da cidade, à procura de uma senha de acesso a uma das “repúblicas” ou, simplesmente, como faz a maioria, curtindo a noite quente e infernal do feriado religioso, data da Padroeira do Brasil, da descoberta da América e do encontro de Ouro Preto com a “overdose” do 12.
Ainda que as autoridades da UFOP e da Escola de Minas, ao lado dos responsáveis pelas “repúblicas”, condenem os excessos e aleguem nada ter com o afluxo de milhares de pessoas e a caotização da cidade, tanto é necessário que participem de uma solução quanto é essencial que o poder público e as representações comunitárias se associem a essa indispensável união de esforços em favor da civilidade da festa e da urbanidade do relacionamento entre cidadãos e cidade.
Em 4 de Abril, quando se celebra o aniversário da Escola de Farmácia, o fenômeno não ocorre. Ficou adstrito à festa da Escola de Minas, embora a maior parte das pessoas que se deslocam até Ouro Preto no período não tenha exata noção do que as conduz à cidade nem qual é precisamente o evento que as atrai. Declaram saber que há uma grande festa nas ruas de Ouro Preto, cujas ruas centrais ofereceriam animação e prazer.
Enfatizaram-se, no clima de mal-estar, preocupação e repúdio disseminado em Ouro Preto com relação ao 12 de Outubro, os pequenos atritos cotidianos produzidos pela desatenção das “repúblicas” para com a cidade em que se inserem. O “campus” que habitam é, na verdade, uma cidade patrimônio mundial, onde vive uma população normal, cultivando hábitos pacatos – privilégio de poucos no tumulto urbano da contemporaneidade, mas herança de que não se quer abrir mão.
Assim, é constante a sensação de desconforto de vizinhos de “repúblicas” por causa do som alto e estridente da parafernália alçada às janelas coloniais, tal como no passado sofreram os donos de galinheiros, então recorrentes nos quintais do casario, com a indelicada visita de “republicanos” famintos. Roubar galinhas, feito registrado com orgulho nas memórias de tantos ex-alunos ilustres, terá sido, certamente, menos traumático do que o sono perdido de bairros inteiros.
Entre o excesso de som e a falta de tom no 12 de Outubro, as “repúblicas” precisam firmar um novo pacto com a comunidade que as acolhe. É inimaginável que Ouro Preto possa perdê-las, recolhidos os estudantes a prédios novos no Campus do Morro do Cruzeiro. Os estudantes fazem parte do patrimônio vivo de Ouro Preto. Seria inconcebível a paisagem sem que eles a atravessassem, com as fantasias do trote, o batuque do carnaval, as brincadeiras jocosas, a alegria da vida que começa a ganhar o mundo.
Mas não é admissível que Ouro Preto permaneça submetida à balbúrdia e ao caos. Tanto quanto o trânsito de veículos que inferniza a cidade, neste começo de século, pede soluções urgentes, quanto a algazarra do som diuturno de algumas repúblicas e os excessos do 12 requerem solução que envolva a participação solidária de todos. A história das “repúblicas” deve dar início a um capítulo novo, à altura de sua legendária contribuição a Ouro Preto. Não se trata de repressão, conservadorismo ou preconceito, mas de se reconhecer a igualdade de direitos e deveres dos cidadãos. É hora da reproclamação das “repúblicas”, com um pouco mais de “ordem e progresso”.


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

MATÉRIA: Livro da república Aquarius ganha versão digital

Livro da república Aquarius ganha versão digital

FONTE: http://www.ufop.br/index.php?option=com_content&task=view&id=14197&Itemid=196



Brunello Amorim

Depois de seu lançamento impresso em novembro do ano passado, o livro Aquarius: A maior república estudantil das Américas tem agora sua versão digital.  O livro foi escritopelo ex-aluno da república Otávio Luiz Machado e traz além de relatos da Aquarius, um balanço das moradias universitárias do País, ainda possui dicas para quem pretende morar em uma república de estudantes.

A ideia de registrar a história da república em um livro surgiu há 14 anos, pelos ex-alunos e moradores da época. O objetivo era estreitar ainda mais os laços entre os atuais moradores, a partir da experiência e dos relatos dos alunos que passaram pela república durante os 44 anos de sua existência.

O autor contou com o apoio do também ex-aluno da Aquarius Rafael Ayres para fazer a capa do livro e com o patrocínio da empresa Petra Octagon Construções e Comércio, por meio do ex-aluno da Escola de Minas, Altair Petrachi. 


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

DOCUMENTO: DECISÃO JUDICIAL EM DESFAVOR DAS REPÚBLICAS ESTUDANTIS DA UFOP E O CARNAVAL DE 2014






OPINIÃO: Um exemplo de parceria República-Hotel para o Carnaval em Ouro Preto (Por Otávio Luiz Machado)

OPINIÃO: Um exemplo de parceria República-Hotel para o Carnaval em Ouro Preto (Por Otávio Luiz Machado, ex-aluno Jaka)

No calor do debate sobre o carnaval Ouro Preto em 2014, o que vai ficando mais claro é que a iniciativa de uma associação de hotéis de Ouro Preto deu um verdadeiro tiro no pé ao impedir o carnaval das repúblicas estudantis federais.
Sabe-se que Ouro Preto é uma cidade turística com poucos leitos disponíveis para turistas diante de uma demanda crescente vinda da atratividade festiva propiciada pelos estudantes universitários da UFOP.
Se alguns hotéis de Ouro Preto querem ganhar mais dinheiro matando boa parte do carnaval de Ouro Preto, então é importante dizer que será em detrimento de taxistas, funcionários de bares, restaurantes, guias turísticos, ambulantes, seguranças contratatados etc etc etc.  
Também em detrimento da ampla divulgação que é feita por todas as mídias do País do potencial turístico de Ouro Preto, principalmente de TVs como a Rede Globo, que durante o carnaval faz flashes ao vivo direto de Ouro Preto, Recife-Olinda, Rio de Janeiro, Salvador. São muitos minutos de divulgação da cidade sem que ela precise gastar um centavo, porque a MÍDIA ESPONTÂNEA está aí para ser potencializada a favor de Ouro Preto. E não contra. Sem falar das matérias da programação dos telejornais e outros programas, cujas imagens vão para todo o País e diversos países. 



É importante dizer que iniciativas  onde DIRETAMENTE todos ganham, como a república, o hotel parceiro, a cidade e o turista, também podem ser encontradas em Ouro Preto. É o caso da REPÚBLICA ALFORRIA, que no texto abaixo podem perceber o que isso representa:

"A República Alforria Ouro Preto vem, depois de tantos questionamentos, responder sobre o nosso carnaval.

Primeiramente, a parceria com o Hotel Mirante é de longa data, e já acontece há 4 anos. Essa ideia foi uma iniciativa inovadora da república, a fim de proporcionar melhor conforto aos turistas, que tem a opção de comprar o pacote comum ou o pacote em parceria com o hotel, denominado "Pacote Luxo".

Além do mais, a República Alforria Ouro Preto deixa claro que é completamente contra a proibição de hospedagem imposta pela justiça às repúblicas federais de Ouro Preto, pois isso afeta negativamente a imagem do carnaval da cidade.

Como não é segredo para ninguém, a nossa República ganhou um lote na UFOP, e com nossos próprios esforços e recursos já estamos construindo nossa casa no campus universitário, nos submetendo ao estatuto das repúblicas Federais a partir do próximo ano. Portanto, essa proibição nos atinge desfavoravelmente.

Mais do que discussão entre concorrência de pacotes de carnaval, a República Alforria propõe mais união entre as Repúblicas de Ouro Preto para fortalecer a festa mais importante da nossa cidade.

O maior carnaval universitário do país não pode parar!"




Como se pode perceber, a estrutura desenvolvida pelos estudantes não perde para qualquer outro local do País onde o carnaval acontece, porque tudo isso faz parte de um aprendizado e de um aperfeiçoamento de décadas. Que venha o carnaval de Ouro Preto na sua INTEGRALIDADE. Que a Justiça seja feita!!!

sábado, 18 de janeiro de 2014

OPINIÃO: As repúblicas de Ouro Preto e o distanciamento de si mesmas: o caso do carnaval 2014 (Por Otávio Luiz Machado, ex-aluno Jaka)

As repúblicas de Ouro Preto e o distanciamento de si mesmas: o caso do carnaval 2014
Otávio Luiz Machado (ex-aluno Jaka)

         Como qualquer ex-aluno que possui a mais alta consideração com as repúblicas de Ouro Preto, então é natural que, ao ver uma matéria em rede nacional produzida pela principal rede televisiva do País falando dessas casas, de imediato fosse utilizar aquilo que sempre gosto de fazer para tentar acrescentar algo: escrever e ajudar no debate.
         A matéria da Globo no Jornal Nacional do dia 18 de janeiro de 2014 não foi parcial, pois mostrou todos os lados da questão, inclusive demonstrando que a situação em questão prejudica a conservação dos imóveis das repúblicas e afeta na vinda de diversos turistas para a cidade de Ouro Preto no carnaval.



         Também trouxe dados que podem ajudar na defesa das repúblicas, considerando que os hotéis de Ouro Preto não possuem leitos suficientes para atender a demanda de turistas e nem preço compatível com às expectativas (bolsos) dos que querem passar um carnaval em Ouro Preto.
         O fato é que a situação está na esfera judicial, pois a associação dos hotéis está impedindo as repúblicas estudantis da UFOP de realizar o seu carnaval nos padrões já estabelecidos durante vários anos, que em suma mata uma parte do carnaval da própria cidade de Ouro Preto.
         Antes de prosseguir nos meus argumentos, também gostaria de questionar alguns aspectos falhos das próprias repúblicas estudantis de Ouro Preto, que há cerca de um ano para cá descem ladeira (como vários blocos carnavalescos) abaixo sem nenhum grau de recuperação nessa descida. A teimosia em continuar a utilizar os mesmos argumentos quando o assunto é a perda total de sua autonomia ajuda a sustentar esse descarrilamento crescente, porque muitos ainda pensam que a solidez de uma tradição, o peso dos ex-alunos da defesa das repúblicas e a estrutura existente do sistema de repúblicas NUNCA deixarão de fornecer elementos e bases para a continuidade das repúblicas.
No final do ano passado mais uma vez deu para perceber o desinteresse do conjunto das repúblicas de Ouro Preto quando o assunto é de seu interesse. Foi num evento promovido pela UFOP, quando foi possível contar nos cinco dedos de uma das mãos os que estiveram ali para participar. Mas os exemplos nesse sentido podem ser dados aos milhares quando o assunto é a apatia, o desinteresse e o descaso quando se precisam ter repúblicas representadas nos mais diversos espaços e iniciativas.








 No debate que pode ser visualizado acima, o que se vê são os próprios colegas estudantes questionando as repúblicas de Ouro Preto num tom muito forte. Aconteceu no dia 05 de dezembro de 2013 dentro do PROGRAMA SOU MAIS JUVENTUDE DA UFOP.



Se as repúblicas estudantis de Ouro Preto nem se interessam em defender/debater dentro do próprio território universitário, é óbvio que fora desse território o exercício que poderia ter sido praticado nos espaços universitários ajudaria a enfrentar as coisas com mais sutileza, criatividade, pró-atividade e com muito mais sucesso. Mas as repúblicas enfrentam esses debates com pouco interesse e muita arrogância. Eis o motivo de que as repúblicas estão perdendo o discurso em sua própria defesa a cada dia. Nem tantos ex-alunos se empolgam mais em defender as repúblicas em situações complicadas ... Só os rocks parecem ser o foco dos republicanos e ex-alunos, porque quando a questão é gerar interesse em correr atrás de um marketing positivo para as repúblicas seja onde ele estiver, o que se vê é o descaso quase completo. 
No final do debate do Sou Mais Juventude, o que se ouviu após a fala de vários moradores das repúblicas de Mariana que criticavam as repúblicas de Ouro Preto  também foram questionamentos sobre as próprias repúblicas de Mariana, pois elas também possuem distorções e problemas como qualquer outra república. Aí o debate foi fortalecido, gerou compreensões sobre toda a questão e certamente vai ajudar a todos a enfrentar as dificuldades universitárias, considerando que o ponto da HUMANIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE precisa permear o debate que trata das necessidades humanas. 
Talvez a expressão que diz que é preciso dar um passo para trás para se poder dar um para frente se aplica nessa hora em que as repúblicas vivem uma situação mais uma vez desfavorável. É preciso fazer uma análise crítica e profunda sobre o que está acontecendo com as repúblicas de Ouro Preto, principalmente se quiser que novas gerações venham  morar em repúblicas da UFOP no futuro.
Não adiantar ficar criticando a associação dos estabelecimentos hoteleiros de Ouro Preto, porque eles ali estão lutando pelos seus interesses, o que é legítimo e precisa ser respeitado, sejamos favoráveis ou desfavoráveis.
Quando os interesses das repúblicas precisam estar representados, então quantos participam? Quantas repúblicas efetivamente lutam pelos interesses reais das repúblicas nos mais diversos espaços e momentos durante o decorrer de cada ano? Ou o interesse é despertado só quando as coisas não saem como deveriam sair? Quem sabe que o CAEM vai fazer 100 anos em 2015? O que vai ser feito a favor dos estudantes de Ouro Preto para aproveitar esse momento especial e criar um marketing positivo para que as pessoas reconheçam e conheçam iniciativas brilhantes criados pelos próprios estudantes?
Se não se fez o dever de casa, é possível que vir reclamar agora fica parecendo coisa de mercenário, que só age quando o sapato começa a ficar apertado e quer criar uma situação para se sair bem e  tirar algum proveito diante de tudo que vivenciou.
Essa situação de conservação do patrimônio histórico com o uso de recursos de turistas é altamente questionável, embora pode-se considerar que é um paliativo que vem dando muito certo. Se os imóveis são da União, logo é a própria União quem deveria prover os recursos orçamentários para a conservação dos imóveis, que seria o argumento trazido por muitos aí mundo afora.
Já passou a hora de mudar o tom da conversa, porque a batalha do momento deveria ser pelo registro dos cerimoniais acadêmicos, das festas republicanas, do linguajar característico de quem mora nas repúblicas e de tantos outras marcas da vida republicana como PATRIMÔNIO IMATERIAL.
Só com o reconhecimento internacional e uma espécie de certificação que as repúblicas poderão enfrentar essa e as novas batalhas que virão. O que seria um tipo de imunidade contra qualquer oportunismo do setor a, b, c ou z que deixem as repúblicas em maus lençóis. Aí sim haveria o reconhecimento do carnaval dos estudantes e repúblicas de Ouro Preto e a compreensão de sua relevância cultural, que nenhum tribunal do mundo agiria para impedir, bloquear ou matar, pois estaria cometendo ilegalidades. 
Eu particularmente já deixei minha singela contribuição com a reconstituição histórica das repúblicas estudantis, dos movimentos juvenis e de outros temas que tratam de Ouro Preto-MG em diversos trabalhos publicados.
Toda a produção acadêmica que virá em seguida vai precisar enfrentar essa questão do patrimônio imaterial, que é o ponto crucial para trazer novos elementos sobre as repúblicas de Ouro Preto.
E deixo tudo o que produzi em textos e livros para ajudar as repúblicas nessa longa tarefa de mudar a estratégia de preservação das repúblicas, que é o registro do patrimônio imaterial das repúblicas.
Que as pessoas acompanhem ao longo de 2014 as inúmeras novidades de publicações que poderão ser “baixadas” gratuitamente da Editora Prospectiva que tratam de Ouro Preto. São basicamente dois endereços:

Outros textos e livros estão espalhados pela rede internet, como é o caso desses aí: