sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Release: Editora Prospectiva vai lançar livro de autoria do jurista Dalmo Dallari.



TÍTULO: Viver em Sociedade
Editora: Prospectiva
Data: 2014
Páginas: 80
Livro Ilustrado
Coleção: Produzir Cidadania

LANÇAMENTO

A Editora Prospectiva convida para o lançamento do livro VIVER EM SOCIEDADE. Uma obra de autoria do respeitado jurista brasileiro, o Dr. Dalmo de Abreu Dallari. Na ocasião haverá um debate e a oportunidade de dialogar com o autor.
Dia: 19.11.2014 (quarta-feira)
Horário: 17:00 h
Local: Auditório da Escola de Direito, Turismo e Museologia -EDTM/UFOP

Maiores informações:
E-mail: editoraprospectiva@gmail.com  
Tel: (34) 9668-9575

SOBRE A OBRA

A obra é a primeira da coleção “Produzir Cidadania” da Editora Prospectiva, que é organizada pelo Professor e pesquisador Otávio Luiz Machado.
O livro “Viver em Sociedade” é voltado aos que pretendem conhecer os elementos básicos da vida social e uma série de direitos que devem consagrar a existência harmoniosa de todos, como o direito à vida, de ser pessoa, da liberdade real, da igualdade de oportunidade, do trabalho em condições justas, da educação, da saúde, da participação política e tantos outros.
Viver em sociedade é uma necessidade essencial de todos os seres humanos.  Nenhum ser humano consegue viver sozinho, completamente isolado, pois todos precisam dos outros para satisfazer suas necessidades, sejam elas de natureza material, como a alimentação ou a necessidade de cuidados em caso de doença ou de acidente, ou então de natureza afetiva e espiritual. Mas para obter todos os benefícios que a vida em sociedade proporciona é preciso que as pessoas tenham consciência de seus direitos e também de seus deveres. Para isso é preciso que desde cedo, desde os primeiros anos de vida, quando começam a viver junto com outras pessoas, na família, na creche, na escola ou em qualquer outro lugar em que as pessoas fazem coisas juntas, brincando, estudando, praticando esporte, trabalhando, ou em outras atividades, todos tomem consciência de que devem respeitar os outros, assim como todos têm o direito de serem respeitados.
            Por tudo isso, é muito importante que as pessoas se lembrem de que viver em sociedade é uma necessidade e um direito de todos, tendo também a consciência de que todos os seres humanos têm o mesmo valor, não havendo qualquer justificativa para que uns pretendam ser melhores do que os outros, sendo injusta qualquer espécie de discriminação entre as pessoas. Mas é preciso também que todos estejam conscientes de que viver em sociedade significa ter a possibilidade de exercer direitos, mas inclui também muitos deveres, especialmente o dever de respeitar os outros e de agir com espírito de solidariedade. Além disso, viver em sociedade deve ser entendido como uma possibilidade de agir racionalmente, jamais usando de violência contra pessoas ou coisas para fazer protestos ou reclamações. O ser humano é um ser racional, o que significa que ele deve usar de inteligência e boa vontade para  que a vida em sociedade seja justa, para que todos vivam em paz.


sábado, 16 de agosto de 2014

OPINIÃO: Eduardo Campos e as juventudes (Por Otávio Luiz Machado)


  Eduardo Campos e as juventudes

 Por Otávio Luiz Machado*


O dia 13 de agosto de 2014 foi o dia que marcou o fim trágico de um candidato à presidente da República que estava falando diretamente com as juventudes brasileiras. Eis que aparece Eduardo Campos aliando-se com a plataforma sustentável de Marina Silva com vigor e ganhando os corações e mentes de jovens despolitizados, desmobilizados e apáticos, mas também de jovens engajados em projetos sociais, partidários e culturais.

         Não que sua figura pública tivesse na sua ação política um crescente e contínuo casamento com as pautas e reivindicações das juventudes, porque o divórcio com os movimentos juvenis foi claramente percebido quando a PM de Pernambuco sob o seu comando promoveu vários atos violentos e não-aceitáveis, tendo a truculência substituído o diálogo em momentos que não foram poucos.

Como candidato, o que se percebe é que no seu discurso havia a voz da esperança, da indignação e da preocupação com o futuro do País. Da promessa do passe livre à educação em tempo integral, o candidato contemplava na sua plataforma eleitoral parcelas significativas das juventudes.

Se Eduardo Campos era marcado por uma contradição ambulante e que contrariava os que buscavam um projeto inovador e amarrado às questões socialistas, por outro lado demonstrava na prática governamental ações importantes no campo da educação em Pernambuco, como o projeto de intercâmbio propiciado aos estudantes da escola pública estadual, a expansão da educação superior na Universidade estadual, os inúmeros projetos da Secretaria de Juventude que contemplava associações e entidades juvenis, o que permitiu ao Estado a aprovação do primeiro plano estadual de juventude em todo o Brasil.

Também não foi desinteressante em sair na frente com a comissão da verdade estadual, o que beneficiou o resgate histórico e o reconhecimento das lutas sociais e políticas das juventudes de décadas passadas.

Por longo período do seu governo, também, o transporte público e sua facilidade para a vida dos jovens pernambucanos deixou a desejar. Ao deixar o movimento em torno do passe livre falando sozinho e vulnerável à ação da repressão, creio que foi um gesto de covardia por sua parte.

Pode-se dizer que Eduardo Campos cometeu vários erros com os jovens enquanto governador, mas é fundamental reconhecer que a sua política resgatou a dívida social com diversos setores jovens do Estado, inclusive é bom que se diga que em todas as secretarias havia uma forte presença de jovens gestores que faziam bonito na administração pública.

         Sua última entrevista ao vivo antes de sua morte foi enigmática: “não vamos abandonar o Brasil”. Seguida da mensagem do que se deve fazer hoje para que as futuras gerações possam ter um Brasil melhor. O que disse ali era o que estava faltando para as juventudes, num momento delicado da vida nacional. Era o candidato da esperança, só isso já conseguia produzir cidadania aos jovens, assim merecendo o espaço que estava tendo.

*É professor, pesquisador e editor. E-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br

Abaixo algumas imagem que fizemos em vídeo de Eduardo Campos




quarta-feira, 13 de agosto de 2014

OPINIÃO: Um presente de grego no dia dos estudantes: mais uma vez as repúblicas estudantis de Ouro Preto


Um presente de grego no dia dos estudantes: mais uma vez as repúblicas estudantis de Ouro Preto

Otávio Luiz Machado*

 

No último 11 de agosto, que é comemorado o dia dos estudantes, o jornal O Tempo inaugurou um festival de denúncias genéricas sobre supostos estupros ocorridos em repúblicas estudantis de Ouro Preto, o que também podemos observar na edição do dia 13 de agosto.
 
 
 

Não se vê nos textos nenhuma reflexão sobre o que é ser estudante nos dias atuais, pois em três dias seguidos observam-se três páginas repletas do assunto estupro nas repúblicas (com direito a capa, títulos e conteúdos que ignoram a chamada presunção de inocência por parte dos citados).

O conjunto de matérias começou mal, pois ao evocar o princípio jornalístico de “ouvir” (pelo menos os dois lados), a matéria de antemão antecipava a possível verdade real dos fatos considerando só um dos lados na matéria. O que se viu foi um julgamento antecipado quando se iniciou afirmando o seguinte: “O Tempo ouviu depoimentos de estudantes estupradas em casas universitárias”. No mínimo a expressão “supostos estupros” deveria ser aplicada, pois não existe um processo legal concluído ao qual foi permitida a ampla defesa dos que são acusados pelas depoentes da matéria.

O desequilíbrio na palavra dada a acusados e acusadores é gritante, pois foi dado destaque à acusação sem a permissão da defesa se fazer presente com a mesma oportunidade, espaço, voz e vez. É preciso investigar os acontecimentos relatados, com certeza. Mas a presunção de inocência é algo que a lei garante, cabendo o ônus da prova a quem acusa. A isenção do jornalista que assina a matéria também deve ser questionada, porque do início ao fim dos textos percebemos que o autor quer simplesmente atacar gratuitamente as repúblicas puxando uma série de questões sem ao mínimo produzir argumentos a partir de dados precisos.

Quando termino de escrever o presente texto, o noticiário é marcado sobre a tragédia aérea que matou o presidenciável Eduardo Campos. A última frase pronunciada num programa de televisão ao vivo por Campos foi a seguinte: “não desistam do Brasil!'

Talvez a frase a ser aplicada nesse momento inspirada noutra que vai marcar a história política do Brasil seja a seguinte: “não desistam das repúblicas estudantis de Ouro Preto”! O que se espera dos ex-alunos é a solidariedade a quem está morando hoje nas casas que algum dia serviu de abrigo para si, pois para se morar em repúblicas estudantis em Ouro Preto atualmente – diante da generalização escandalosa dos que escrevem sobre as repúblicas sem nenhum compromisso em adotar princípios éticos mínimos – é preciso enfrentar uma barra grande. Não são poucos os que querem taxar os republicanos de privilegiados, egoístas, mercenários e até estupradores.

O conjunto de abordagens midiáticas que tratam superficialmente do significado social, educativo e cultural das repúblicas de Ouro Preto é imenso, como aconteceu na virada de 2013 para 2014, que esteve marcada pela insistente abordagem de veículos midiáticos que foram na onda de alguns representantes de hotéis espalhando para os quatro cantos que as repúblicas estudantis prejudicavam a economia da cidade por oferecer espaços de hospedagem a baixo custo aos turistas.

Não foi só decisão favorável às repúblicas estudantis que corrigiu uma das inúmeras injustiças contra os estudantes, principalmente a de que pregavam ser os espaços públicos das repúblicas transformados em comércios privados. No parecer de um juiz federal veio a correção de outra injustiça, que é corrente dos adversários das repúblicas estudantis ao divulgar que os estudantes moram de graça e não dão contrapartida para o que recebem da administração pública. O juiz foi ao ponto: “Os estudantes da UFOP não recebem a moradia gratuitamente".

O que se pede aos estudantes não é somente respeito. Também se pede a chance se ser compreendidos, ouvidos e considerados!

 

*É professor universitário e editor. É autor de diversas obras sobre a vida universitária de Ouro Preto e ex-aluno de república estudantil em Ouro Preto.  E-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br

segunda-feira, 7 de julho de 2014

VÍDEOS: Palestra de Otávio Luiz Machado nos 95 anos do CAEM (novembro de 2010)


FOTO: Movimentos de cidadania concentrados na frente do CAEM (1983)


Matéria: Ex-aluno da UFOP lança livro sobre o centenário do Caem

03-Jul-2014
Carol Antunes

“Centro Acadêmico da Escola de Minas (Caem): Um Século de História” foi o título que Otávio Luiz Machado, ex-aluno da UFOP, decidiu colocar em sua obra. Utilizando da escrita para contar um pouco da história do Centro Acadêmico da Escola de Minas (Caem). O livro mostra fontes primárias, entrevistas com vários personagens e imagens da entidade.

Com o centenário do Caem se aproximando, sua obra tem como propósito chegar às gerações do presente e do futuro, o conhecimento sobre as conquistas universitárias e a formação do espírito universitário na cidade de Ouro Preto. Sua ideia vem da reflexão: “Quem como estudante em Ouro Preto não esteve no Caem e fez parte da história da entidade?”. 

Como autor de outras obras que retratam a história da Escola de Minas, das repúblicas estudantis e da República Aquarius em especial, o autor também contribui para que tantos outros trabalhos pudessem ser feitos sobre a vida universitária de Ouro Preto.

Assista aqui o vídeo de divulgação.

terça-feira, 3 de junho de 2014

OPINIÃO: Juntos somos muito e de mãos dadas somos mais: o que o Resiste Estelita trouxe para a cidade? (Por Otávio Luiz Machado)




Juntos somos muito e de mãos dadas somos mais: o que o Resiste Estelita trouxe para a cidade?

Otávio Luiz Machado*



Um movimento que entrou para a história do Brasil, embora até recentemente  não existe o reconhecimento de que o RESISTE ESTELITA faça parte de um movimento, especialmente na decisão de um juiz que decidiu   pela reintegração de posse do Cais José  Estelita e na “opinião” de um jornalista, que vem covardemente criminalizando a ocupação pacífica de um local público. É fato que o Cais deixou de ser público por causa da especulação imobiliária e da má fé de alguns políticos que patrocinaram mais um crime contra a cidade de Recife. 



Pela ação direta de milhares de pessoas no dia histórico do 1º de junho de 2014, o Movimento Ocupe Estelita mostrou ao poder público como deve ser utilizada a área do Cais José Estelita. O que foi feito nesse dia está produzindo uma reflexão incrível sobre A CIDADE QUE QUEREMOS, A CIDADE QUE TEREMOS. Aos poucos a ideia vai sendo contagiante, pois não é mais suportável viver em cidades grandes cada vez mais perigosas, apertadas, poluídas, barulhentas e tudo de ruim que nenhum ser humano aguenta ...

Se faltava ao prefeito Geraldo Júlio demonstrar que a "nova política" servia para alguma coisa e que não era só um slogan bonito para buscar ganhar eleições, o que se vê no dia de hoje com a cassação da autorização de demolição  pela Prefeitura é um sinal de que dias melhores poderão vir com a mobilização cada vez mais crescente dos cidadãos e cidadãs da cidade.

A verdadeira nova política deverá sair do seio da sociedade, que precisa intervir para produzir mudanças e barrar tudo que não vá de encontro da maioria. A frase “juntos somos muito e de mãos dadas somos mais”, que copiei do perfil da grande artista e cidadão Lia de Itamaracá, só reforça a tese de que lutar vale a pena, sempre!

Abaixo, o livro que produzi sobre os protestos no Brasil, onde o OCUPE ESTELITA tem forte presença.















No início do movimento OCUPE ESTELITA também fiz muitos vídeos e fotografias, que naquele momento já mostrava a estética do movimento. 




* Otávio Luiz Machado é professor, pesquisador, escritor, editor e documentarista. E-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br

sexta-feira, 30 de maio de 2014

OPINIÃO: Do poste ao muro: o que o prefeito Geraldo Júlio (PSB) pode fazer para resolver o impasse no Cais José Estelita? (Por Otávio Luiz Machado)

OPINIÃO: Do poste ao muro: o que o prefeito Geraldo Júlio (PSB) pode fazer para resolver o impasse no Cais José Estelita? (Por Otávio Luiz Machado)



Muito está sendo falado nesse momento sobre a situação pela qual o Cais José Estelita está se passando, num verdadeiro cabo de guerra envolvendo as construtoras mais poderosas da cidade e a posição de muitos cidadãos e cidadãs de Recife que só querem uma cidade melhor para se viver hoje, amanhã e sempre!
Muitas aberrações são vistas nesse processo, inclusive a de que o espaço em questão é privado e está tudo sendo feito dentro da mais alta legalidade, legitimidade e visando acima de tudo o interesse público.
Outra aberração mais comum é a de que quem está protestando não merece a mínima atenção, respeito e confiança.
O papel do prefeito Geraldo Júlio (PSB) também se encontra no campo destas aberrações ao se posicionar e afirmar que nada se pode mais fazer dentro da competência da Prefeitura do Recife.
Pelo contrário, é no campo de atuação do prefeito que tudo pode ser feito nesse momento, considerando que existem muitos pontos obscuros que vão desde a venda do imóvel público até a situação atual de começo de demolição, pois os requisitos técnicos não estão todos atendidos para que finalmente a obra possa ter o seu caminho natural ...
A suspensão das licenças ao empreendimento pela Prefeitura até que tudo esteja apurado e encerrado pode ser uma medida técnica pelos órgãos municipais, o que envolve a competência política do prefeito, que precisa olhar todos os pontos e ouvir finalmente a cidade quanto a esse impasse, considerando que a cidade como um todo que será afetada nos planos urbanístico, mobilidade urbana, patrimônio histórico etc.
É fato que a cidade de Recife está mais bem administrada se compararmos com o prefeito anterior, mas politicamente o prefeito ainda não evoluiu muito, pois a impressão que dá é que subiu da figura do poste para a de muro. Um poste e um muro não é uma condição confortável, principalmente para quem precisa mostrar que a cidade ganhou um gestor voltado para o Novo Recife.
A atual situação política tendo como foco o caso do Cais José Estelita só compromete a gestão de Geraldo Júlio e não mais vai servir como “vitrine” ao qual o ex-governador Eduardo Campos quer ter para si quando a campanha presidencial começar para valer.
Eu respeito todas as opiniões que aparecem sobre o impasse no Cais José Estelita, sejam favoráveis, sem desfavoráveis. O debate público positivo vai ajudar a cidade como um todo.
Uma decisão rápida e corajosa do prefeito pode fazer a diferença caso o PSB queira construir uma campanha que tenha o que mostrar. E não mais do mesmo que vemos por aí!


*É professor, pesquisador, escritor e documentarista. E-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

OPINIÃO: A JUSTIÇA SENDO FEITA: A PERMISSÃO DO CARNAVAL DAS REPÚBLICAS FEDERAIS EM OURO PRETO (Por Otávio Luiz Machado)

OPINIÃO: A JUSTIÇA SENDO FEITA: A PERMISSÃO DO CARNAVAL DAS REPÚBLICAS FEDERAIS EM OURO PRETO (Por Otávio Luiz Machado)

O dia 28 de janeiro de 2014 deverá entrar para a história das repúblicas estudantis de Ouro Preto, especialmente àquelas que pertencem ao patrimônio da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
A decisão EXTREMAMENTE favorável à realização do carnaval  pelo Juiz Federal JACQUES DE QUEIROZ PEREIRA só é um indicativo de que a justiça está sendo feita, porque o que se via anteriormente foi uma tentativa de uma associação de hotéis de querer acabar com uma festa que beneficia turistas, estudantes, trabalhadores e trabalhadoras de Ouro Preto e o próprio patrimônio histórico de Ouro Preto.
O Juiz Federal analisou um ponto importante: "Os estudantes da UFOP não recebem a moradia gratuitamente". Essa mesma visão eu tenho desde muito tempo, porque o trabalho é árduo para se manter uma casa de uma universidade federal dentro de um local que é patrimônio tombado. A dificuldade de conservação é maior, os custos, idem.
O Documento assinado pelo Juiz Federal não é só de uma riqueza de detalhes, mas também é um Documento de alguém que entende as necessidades humanas. É de uma preciosidade ímpar.

Nesse contexto, fiquei MUITO FELIZ ao ver os estudantes e ex-alunos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) envolvidos na questão de restabelecimento de decisão favorável às repúblicas divulgar uma citação de meu nome republicano (Jaka) na LUTA para restabelecer o carnaval estudantil da cidade de Ouro Preto.

"Gostaria de agradecer os votos de confiança em nosso trabalho e aos exalas que nos apoiaram e incentivaram a travar esta batalha. Em especial ao exala Jaka pelo trabalho que realizou e realiza, foi de fundamental importância para conseguirmos contextualizar a história das Repúblicas". 

As pesquisas e publicações que fiz sobre os estudantes de Ouro Preto são um referencial importante para que se valorizem os estudantes e suas práticas sociais.

Abaixo, a matéria da UFOP que fala do assunto CARNAVAL, que vai continuar acontecendo nos mesmos moldes e com o protagonismo dos estudantes e das repúblicas estudantis:



Abaixo, a decisão judicial favorável às repúblicas de Ouro Preto:







sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Um depoimento que diz o ESSENCIAL: As repúblicas representam uma opção de hospedagem alegre, descontraída e barata no parque hoteleiro de Ouro Preto

Um depoimento que diz o ESSENCIAL: As repúblicas representam uma opção de hospedagem alegre, descontraída e barata no parque hoteleiro de Ouro Preto


Numa exposição que organizamos em 2002 no Museu Casa Guignard de Ouro Preto, quando naquela ocasião buscamos trazer diversas visões sobre as REPÚBLICAS DE OURO PRETO, o nome de Angelo Oswaldo me veio como o de alguém que conhecia Ouro Preto como pouquíssimas pessoas. Ele nos presenteou com um importante texto que levanta aspectos gerais de toda uma história da inserção das escolas superiores e dos seus estudantes na cidade de Ouro Preto. Não se restringiu ao elogio, porque também tratou de pontos que estavam em desfavor das repúblicas naquela ocasião. Mas reconheceu o quanto as repúblicas são fundamentais para o turismo de Ouro Preto, pois representam uma "opção de hospedagem alegre, descontraída e barata no parque hoteleiro de Ouro Preto". Acredito que o texto abaixo possa ajudar num debate salutar sobre o significado das repúblicas para o turismo em Ouro Preto.

Reproclamação das “Repúblicas”
Angelo Oswaldo



Os inconfidentes mineiros, no calor das discussões travadas na conjura de 1788 e 1789, imaginaram a criação de uma universidade em Vila Rica. A capital seria transferida para São João del-Rei, onde a plana e extensa Várzea do Marçal aparecia aos olhos dos conspiradores como sítio ideal para a sede do governo do país independente.
Meio século depois, em 1839, surgiu na Imperial Cidade de Ouro Preto, assim chamada desde 1823, o primeiro núcleo de ensino superior em Minas Gerais, a Escola de Farmácia. Cento e trinta anos mais tarde, em 1969, seria enfim criada a Universidade Federal de Ouro Preto, tendo por base a Escola de Farmácia e a Escola de Minasque Pedro II ali instalou em 1876.
As Escolas de Farmácia e de Minas deram a Ouro Preto, por entre torres vetustas e assombrosas ladeiras, o colorido jovial de uma cidade de estudantes. Evocando Coimbra e Montpellier, em cujas universidades moços mineiros do século XVIII foram buscar as luzes da Inconfidência, a velha Capital de Minas logo identificou-se como centro de estudos superiores. Tanto que a mudança do governo para Belo Horizonte, em 12 de dezembro de 1897, deixou a cidade praticamente entregue à destinação universitária.
Ambas as unidades fundadoras fizeram a glória de Ouro Preto no final do século XIX e início do século XX. A Escola de Minas tornou-se, rapidamente, foco de atenções gerais. Fundada pelo professor Henri Gorceix, da congênere de Paris, mereceu apreço especial do imperador brasileiro e pretendia formar um quadro de valores que respondessem aos anseios de progresso que se ampliavam no País em transformação.
Alunos de toda parte acorriam a Ouro Preto, como aconteceu com o jovem Getúlio Vargas e os dois irmãos que se envolveram em rixa com estudantes paulistas da família Prado, fechando ao futuro presidente as portas da Escola de Minas. Embora Gorceix fosse monarquista e tenha retornado a Paris desgostoso com o novo regime, a Escola de Minas tornou-se o grande celeiro de técnicos que haveriam de concretizar a legenda positivista da bandeira republicana, em busca de “ordem e progresso”.
Para acolher os estudantes, surgiram as “repúblicas”, à maneira das “fraternities” de Oxford e Cambridge. No princípio, eles alugavam casas nas quais se instalavam durante os anos curriculares. Depois, a Escola de Minas passou a adquirir imóveis para alojar seus engenheirandos. De tal sorte prosperou o sistema de aquisições que vender um imóvel para a Escola de Minas passou a ser o melhor negócio, senão o único, em que corria dinheiro na cidade, afeiçoada ao escambo desde a transferência do governo e sua pagadoria para as ruas largas e arborizadas de Belo Horizonte.
Foi assim que as duas Escolas hoje centenárias acumularam notável acervo imobiliário em Ouro Preto, adquirindo casas para as “repúblicas”. Terrenos também eram comprados. Tombada a cidade em 1938, os projetos se submetiam à aprovação do IPHAN, como se vê na Ruas das Mercês, nas residências que oferecem dicção contemporânea a formas da arquitetura tradicional. De tal maneira Ouro Preto era homogênea e autêntica que o IPHAN, durante muitos anos, recomendava a adoção de linguagem contemporânea que evitasse pastiches e cacoetes.
Construções nobres ou singelas compõem esse singular acervo residencial. Destacam-se a casa em que nasceu o Visconde de Ouro Preto, na Rua Direita, o casarão na lateral da Matriz do Pilar, o sobradão da Rua do Carmo, com varanda sobre o vale do Córrego do Tripuí, que se estende ao pé da Casa dos Contos. Entre tantas outras casas nas ruas Conselheiro Quintiliano, Direita, das Flores, Gorceix, Cláudio Manoel, Antônio Dias, Paraná, Pilar e Rua São José.
Espalhou-se pela cidade a rede das “repúblicas”, e foram todas assumindo peculiaridades. Os nomes bizarros constituem a primeira delas. Na “Verdes Mares”, aportavam os cearenses, é óbvio. Galeria de fotos dos ex-republicanos registram as gerações que passam pelas residências, e cada retrato é um apelido e uma história geralmente divertida ou inacreditável.
O crescimento do turismo em Ouro Preto fez com que as “repúblicas” se configurassem como opção de hospedagem, sobretudo para os jovens visitantes. Tudo parece ter começado nos Festivais de Inverno da UFMG, nos anos 60. A coordenação do evento alojava participantes em algumas “repúblicas” especialmente cedidas durante o mês de julho.
Com o aumento dos fluxos, sofisticaram-se os equipamentos das “repúblicas”, muitas já dispondo de boates em seus porões, com sistema especial de som e luz, desde a moda das discotecas, nos anos 70. Recebendo turistas, à maneira dos albergues da juventude, as residências estudantis puderam comprar grandes refrigeradores e outros aparelhos pertinentes. Tornaram-se, de fato, opção de hospedagem alegre, descontraída e barata no parque hoteleiro de Ouro Preto.
Ao mesmo tempo, foi gradativamente alterado, desde os anos 80, o mito das festas de estudantes em Ouro Preto. A legenda dos bailes inesquecíveis das décadas de 30, 40 e 50, na moldura dos anos dourados, praticamente estava desaparecendo quando as festividades tomaram uma direção inesperada e inquietante.
Não havia mais bailes, suprimidos o terno e gravata, os vestidos longos, a viagem de seis horas de trem entre Belo Horizonte e a possibilidade de um noivado ao fim da última dança. A etiqueta polida e discreta virou uma pedra rolando a ladeira na era do rock e do jeans. O brilho se apagava. As formaturas perdiam o “glamour”, tal como os bailes de debutante e os concursos de miss.
Foi então que a comemoração de cada qual das “repúblicas” passou a concentrar o interesse e a atenção do aniversário da Escola de Minas, à revelia do rito solene e do conservadorismo de grupos de ex-alunos da Escola de Minas fanatizados pela celebração tradicional do 12 de Outubro (dia da instalação da Escola em 1876). Não mais o “Baile do 12”, no imenso salão do Centro Acadêmico, mas a “Festa do 12”, reunindo milhares de pessoas na Praça Tiradentes e ruas centrais da cidade, à procura de uma senha de acesso a uma das “repúblicas” ou, simplesmente, como faz a maioria, curtindo a noite quente e infernal do feriado religioso, data da Padroeira do Brasil, da descoberta da América e do encontro de Ouro Preto com a “overdose” do 12.
Ainda que as autoridades da UFOP e da Escola de Minas, ao lado dos responsáveis pelas “repúblicas”, condenem os excessos e aleguem nada ter com o afluxo de milhares de pessoas e a caotização da cidade, tanto é necessário que participem de uma solução quanto é essencial que o poder público e as representações comunitárias se associem a essa indispensável união de esforços em favor da civilidade da festa e da urbanidade do relacionamento entre cidadãos e cidade.
Em 4 de Abril, quando se celebra o aniversário da Escola de Farmácia, o fenômeno não ocorre. Ficou adstrito à festa da Escola de Minas, embora a maior parte das pessoas que se deslocam até Ouro Preto no período não tenha exata noção do que as conduz à cidade nem qual é precisamente o evento que as atrai. Declaram saber que há uma grande festa nas ruas de Ouro Preto, cujas ruas centrais ofereceriam animação e prazer.
Enfatizaram-se, no clima de mal-estar, preocupação e repúdio disseminado em Ouro Preto com relação ao 12 de Outubro, os pequenos atritos cotidianos produzidos pela desatenção das “repúblicas” para com a cidade em que se inserem. O “campus” que habitam é, na verdade, uma cidade patrimônio mundial, onde vive uma população normal, cultivando hábitos pacatos – privilégio de poucos no tumulto urbano da contemporaneidade, mas herança de que não se quer abrir mão.
Assim, é constante a sensação de desconforto de vizinhos de “repúblicas” por causa do som alto e estridente da parafernália alçada às janelas coloniais, tal como no passado sofreram os donos de galinheiros, então recorrentes nos quintais do casario, com a indelicada visita de “republicanos” famintos. Roubar galinhas, feito registrado com orgulho nas memórias de tantos ex-alunos ilustres, terá sido, certamente, menos traumático do que o sono perdido de bairros inteiros.
Entre o excesso de som e a falta de tom no 12 de Outubro, as “repúblicas” precisam firmar um novo pacto com a comunidade que as acolhe. É inimaginável que Ouro Preto possa perdê-las, recolhidos os estudantes a prédios novos no Campus do Morro do Cruzeiro. Os estudantes fazem parte do patrimônio vivo de Ouro Preto. Seria inconcebível a paisagem sem que eles a atravessassem, com as fantasias do trote, o batuque do carnaval, as brincadeiras jocosas, a alegria da vida que começa a ganhar o mundo.
Mas não é admissível que Ouro Preto permaneça submetida à balbúrdia e ao caos. Tanto quanto o trânsito de veículos que inferniza a cidade, neste começo de século, pede soluções urgentes, quanto a algazarra do som diuturno de algumas repúblicas e os excessos do 12 requerem solução que envolva a participação solidária de todos. A história das “repúblicas” deve dar início a um capítulo novo, à altura de sua legendária contribuição a Ouro Preto. Não se trata de repressão, conservadorismo ou preconceito, mas de se reconhecer a igualdade de direitos e deveres dos cidadãos. É hora da reproclamação das “repúblicas”, com um pouco mais de “ordem e progresso”.