Eduardo Campos e as juventudes
O dia 13 de agosto de 2014 foi o dia que
marcou o fim trágico de um candidato à presidente da República que estava
falando diretamente com as juventudes brasileiras. Eis que aparece Eduardo
Campos aliando-se com a plataforma sustentável de Marina Silva com vigor e
ganhando os corações e mentes de jovens despolitizados, desmobilizados e
apáticos, mas também de jovens engajados em projetos sociais, partidários e
culturais.
Não que sua figura pública tivesse na
sua ação política um crescente e contínuo casamento com as pautas e
reivindicações das juventudes, porque o divórcio com os movimentos juvenis foi
claramente percebido quando a PM de Pernambuco sob o seu comando promoveu
vários atos violentos e não-aceitáveis, tendo a truculência substituído o
diálogo em momentos que não foram poucos.
Como candidato, o que se percebe é que
no seu discurso havia a voz da esperança, da indignação e da preocupação com o
futuro do País. Da promessa do passe livre à educação em tempo integral, o
candidato contemplava na sua plataforma eleitoral parcelas significativas das
juventudes.
Se Eduardo Campos era marcado por uma
contradição ambulante e que contrariava os que buscavam um projeto inovador e
amarrado às questões socialistas, por outro lado demonstrava na prática governamental
ações importantes no campo da educação em Pernambuco, como o projeto de
intercâmbio propiciado aos estudantes da escola pública estadual, a expansão da
educação superior na Universidade estadual, os inúmeros projetos da Secretaria
de Juventude que contemplava associações e entidades juvenis, o que permitiu ao
Estado a aprovação do primeiro plano estadual de juventude em todo o Brasil.
Também não foi desinteressante em sair
na frente com a comissão da verdade estadual, o que beneficiou o resgate histórico
e o reconhecimento das lutas sociais e políticas das juventudes de décadas
passadas.
Por longo período do seu governo,
também, o transporte público e sua facilidade para a vida dos jovens
pernambucanos deixou a desejar. Ao deixar o movimento em torno do passe livre
falando sozinho e vulnerável à ação da repressão, creio que foi um gesto de
covardia por sua parte.
Pode-se dizer que Eduardo Campos cometeu
vários erros com os jovens enquanto governador, mas é fundamental reconhecer
que a sua política resgatou a dívida social com diversos setores jovens do
Estado, inclusive é bom que se diga que em todas as secretarias havia uma forte
presença de jovens gestores que faziam bonito na administração pública.
Sua última entrevista ao vivo antes de
sua morte foi enigmática: “não vamos abandonar o Brasil”. Seguida da mensagem
do que se deve fazer hoje para que as futuras gerações possam ter um Brasil
melhor. O que disse ali era o que estava faltando para as juventudes, num
momento delicado da vida nacional. Era o candidato da esperança, só isso já
conseguia produzir cidadania aos jovens, assim merecendo o espaço que estava
tendo.
*É professor, pesquisador e editor. E-mail: otaviomachado3@yahoo.com.br
Abaixo algumas imagem que fizemos em vídeo de Eduardo Campos
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